domingo, 15 de maio de 2016

Como Escrever - Parte 3

<<< LER A PARTE 2

Recapitulando o que foi "dito" anteriormente: descubra o que é escrever para você e leia - de tudo um pouco. Óbvio que quando você lê vários tipos de texto, acaba descobrindo seus favoritos, e isso é essencial na hora de escrever. Ao menos inicialmente, o melhor é escrever a respeito do que você entende, e um excelente parâmetro é discorrer sobre o que você gosta de ler. Facilita demais ter essa delimitação, saber o seu território, onde ele começa e termina. 

Não quero dizer, com isso, que é para todo autor encontrar seu nicho e ficar nele. Não. Veja J.K. Rowling, por exemplo: ela foi do incrível sucesso no fantástico para o drama no mundo real e depois para o suspense policial. É saudável para o escritor desafiar-se, cumprindo as etapas necessárias a fim de executar a transição de gêneros de forma eficaz (este provavelmente será assunto de um próximo artigo), mas para quem está começando - e eu me incluo aqui - o mais indicado é permanecer na zona de conforto. 

No entanto, mesmo dentro do seu espaço seguro, é possível criar desafios. Imagine que exercício interessante um autor policial inserir uma personagem cômica em um de seus romances? Ele não saiu completamente de seu "bosque" e, ao mesmo tempo, desafiou-se com uma característica de outro gênero. Aí está uma ideia legal para praticar a versatilidade que os autores prestigiados procuram hoje em dia. Justamente por isso que é de grande valia a leitura de todo e qualquer tipo de texto, pelo conhecimento que proporciona.

 

Outra prática muito proveitosa é a de pegar um de seus livros favoritos, escolher uma cena aleatória e reescrevê-la. Ah, mas vou ficar perdendo tempo escrevendo algo que não é meu? Já li comentários parecidos, muitas vezes, e, ao passo em que consigo entender o sentimento, acho que você deveria dar uma chance. Quantos autores de sucesso não começaram suas obras famosas com fanfics? O próprio fenômeno "Cinquenta Tons de Cinza" teve início como uma fanfic de Crepúsculo! (Não vou entrar no mérito de se a série é bem escrita ou não, até por que vejo muita gente que só a leu em português dando palpite e... bem, digamos que sendo um tradutor (graduado em Tradução & Interpretação), sei bem que o ideal é não julgar o autor através de uma de suas traduções, mas de seu texto em língua original. Assunto para outro artigo.) Além disso, meu próprio livro "O Pentagrama" nasceu através de um desses exercícios. Não uma fanfic ou exatamente uma reescrita, mas uma inspiração. E isso acabou gerando uma série, completamente diferente do livro do qual selecionei o trecho.

Uma última dica valiosíssima para exercitar a criatividade e estimular obras completamente originais: escolha várias personagens e cenários de livros que você gosta e produza um capítulo com "tudo junto e misturado". Invente problemas e situações loucas. É provável que você não resista e vá até o capítulo dois. Talvez até o três. E, se chegar ao quatro, é bastante certo que tem algo válido em mãos, único e digno de uma reformulada nos nomes das personagens e ambientes. Acredite, muitas obras também nasceram assim.